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A Eficácia da Psicanálise: O Que a Neurociência e as Pesquisas Revelam sobre Essa Abordagem Terapêutica?

  • Foto do escritor: Tássia Barbosa Oliveira
    Tássia Barbosa Oliveira
  • 24 de jan.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 18 de jun.

A Psicanálise, criada por Sigmund Freud, um psiquiatra obstinado pela investigação científica, é uma abordagem terapêutica focada na exploração do inconsciente para tratar sintomas psicológicos e promover um autoconhecimento profundo. Apesar de ser alvo de debates e questionamentos há décadas, pesquisas recentes têm lançado luz sobre sua eficácia, mostrando que, para determinados perfis de pacientes, ela pode oferecer resultados mais consistentes e duradouros. A neurociência moderna tem validado a relevância de conceitos freudianos de mais de um século, demonstrando como a psicanálise e o estudo do cérebro, antes áreas distintas, agora convergem. Há um entendimento crescente de que o inconsciente desempenha um papel fundamental em nossas decisões e ações. Neurocientistas estimam que uma vasta maioria da atividade cerebral, possivelmente 95% ou mais, ocorre em um nível inconsciente, com a consciência vindo apenas milésimos de segundos depois. Além disso, a ideia freudiana de que os sonhos são manifestações de desejos inconscientes foi reavaliada; observações clínicas indicam que lesões em áreas cerebrais ligadas à motivação e recompensa podem resultar na ausência de sonhos, sugerindo uma conexão entre os sonhos, expectativas e desejos, ecoando as teorias de Freud.


Outro ponto de convergência é a observação de fenômenos que se alinham com o conceito de repressão de Freud. Pacientes com certas lesões cerebrais, como os que sofrem de anosognosia ou psicose de Korsakoff, frequentemente negam suas deficiências físicas ou criam narrativas elaboradas para preencher lacunas de memória. Essas "invenções" muitas vezes refletem aspirações e desejos dos pacientes, sugerindo que memórias ou realidades dolorosas podem ser afastadas da consciência. Embora as teorias de Freud pudessem ser generalistas, seu legado mais significativo é a valorização da complexidade da mente e a compreensão de que há significados mais profundos além do que é imediatamente aparente, um campo que a neurociência contemporânea explora com bases fisiológicas.


 Sigmund Freud, em uma fotografia antiga em preto e branco, sentado em sua mesa de estudos, concentrado em papéis e livros. A imagem evoca as origens da psicanálise, cujos conceitos são hoje revisitados pela neurociência e pesquisas sobre a eficácia terapêutica.
O inconsciente, teorizado por Freud há mais 100 anos, é hoje validado pela neurociência.

Psicanálise: Um Tratamento com Efeitos Duradouros, Segundo as Pesquisas

Muitos questionam a eficácia da Psicanálise devido ao seu caráter menos estruturado e à sua natureza de longo prazo, em comparação com terapias mais breves, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). No entanto, estudos recentes reforçam que a Psicanálise apresenta evidências científicas de grande eficácia para pacientes dispostos a embarcar em um processo terapêutico mais profundo.


Uma reportagem da Superinteressante, intitulada "O retorno de Freud", destaca importantes achados. Segundo o artigo, uma pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association (JAMA) analisou tratamentos psicanalíticos de longo prazo e concluiu que pacientes submetidos a essa abordagem experimentaram melhorias significativas em seus sintomas e na qualidade de vida. Isso foi especialmente notável em casos de transtornos complexos, como depressão crônica e transtornos de personalidade, onde a profundidade da Psicanálise parece ser um diferencial, conforme detalhado na metanálise: "Effectiveness of long-term psychodynamic psychotherapy: a meta-analysis".


Outro estudo relevante, mencionado na mesma reportagem da Superinteressante, foi conduzido na Alemanha e publicado na Psychotherapy and Psychosomatics. Essa pesquisa acompanhou pacientes tratados por meio de Psicanálise por um período de cinco anos, revelando resultados promissores:


  • Mais de 75% dos pacientes apresentaram redução significativa nos sintomas.

  • Muitos relataram melhorias duradouras em aspectos emocionais e interpessoais, mesmo após o término da terapia.


Essas descobertas fortalecem a visão de que, embora exija tempo e dedicação, a Psicanálise pode ser altamente eficaz, proporcionando transformações que se mantêm ao longo da vida.


O Que Torna a Psicanálise Única? A Exploração do Inconsciente

A Psicanálise vai além da simples eliminação de sintomas imediatos. Seu foco primordial está em compreender as raízes do sofrimento, explorando os conflitos inconscientes que influenciam comportamentos, emoções e padrões de vida. E essa abordagem diante do sofrimento foi a base para toda a Psiquiatria e Psicologia modernas. Como Sigmund Freud já afirmava no artigo "Caminhos da Terapia Psicanalítica" (1919):


"(...) Mas seja de que forma essa psicoterapia para o povo se configure, ou de que elementos ela se constitua, suas partes mais eficazes e importantes certamente serão aquelas emprestadas da Psicanálise propriamente dita, livre desta ou daquela tendência." (Freud, 2018, p. 202).

É notável que, mais de um século depois, a ciência contemporânea retoma elementos-chave da teoria freudiana, promovendo uma assimilação promissora para a ampliação de perspectivas científicas e a elaboração de outras abordagens terapêuticas. A Psicanálise nunca parou no tempo; ela mantém seu caráter revolucionário ao focar em transformar os processos inconscientes em consciência, permitindo que o paciente não apenas alivie sintomas, mas também promova mudanças profundas e duradouras na maneira como se relaciona consigo mesmo e com o mundo.


Psicanálise e Ciência Contemporânea: Uma Relação em Evolução

A Psicanálise tem dialogado ativamente com outros campos do conhecimento, incluindo as neurociências e as ciências sociais, para se manter relevante no contexto atual. Estudos neurocientíficos, por exemplo, demonstram que terapias baseadas na exploração emocional profunda, como a Psicanálise, podem levar a mudanças estruturais no cérebro, reforçando a plasticidade neural e a capacidade de processamento emocional.


Além disso, a Psicanálise tem se mostrado adaptável às questões contemporâneas, integrando debates cruciais sobre gênero, raça e classe. Essa abertura e capacidade de ressignificação ampliam sua aplicabilidade para diversos contextos culturais e sociais, demonstrando sua vitalidade e relevância contínua.


Quem Pode se Beneficiar da Psicanálise?

A Psicanálise é especialmente indicada para pessoas que:


  • Desejam explorar questões emocionais e comportamentais em profundidade.

  • Enfrentam padrões recorrentes de sofrimento emocional ou relacional.

  • Buscam uma transformação mais ampla e duradoura em sua vida psíquica.


Enquanto terapias mais objetivas, como a TCC, são eficazes para o alívio rápido de sintomas específicos (que, por vezes, podem retornar), a Psicanálise é ideal para quem está disposto a investir em um processo terapêutico profundo e gradual, com foco na compreensão das raízes de seus problemas. Esse mergulho interno visa resultados mais consistentes e efetivos, que reverberam em todas as áreas da vida.


Conclusão: A Psicanálise Ainda é Relevante?

Sim, e a ciência tem comprovado sua eficácia para casos que demandam uma abordagem mais abrangente e profunda. Embora nem todos os pacientes se beneficiem igualmente da Psicanálise, pesquisas recentes mostram que ela pode ser uma ferramenta poderosa para promover mudanças significativas e duradouras, oferecendo um caminho para uma compreensão mais completa de si mesmo.


Se você está em busca de um método terapêutico que vá além do alívio temporário dos sintomas e explore os significados mais profundos de sua experiência, a Psicanálise pode ser o caminho ideal para você. Entre em contato para saber mais sobre como essa abordagem pode transformar sua relação consigo mesmo(a) e com o mundo ao seu redor.




Referências: FREUD, S. Caminhos da Terapia Psicanalítica (1919[1918]). In:________. Fundamentos da Clínica Psicanalítica. Trad. Cláudia Dornbsuch. Belo Horizonte: Autêntica, 2018, p. 191-202. (Série Obras Incompletas de Sigmund Freud; 6).

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